Olá a todos! Eu chamo-me Catarina e sou uma bebé de 11 meses. No passado dia 1 de Junho mal acordei, fui bombardeada com beijinhos e abraços. Até aí nada que não ocorra diariamente com os meus papás, que na verdade, às vezes quase me “comem” com beijos. Depois fui passear à tarde com a minha mamã e os familiares e amigos continuaram em meu redor, como habitualmente. Dizem que sou uma princesinha. Mas, o mais importante de tudo é que referem, inúmeras vezes, que pareço estar de bem com a vida. Ainda não tinha percebido bem o que era isso…estar de bem com a vida…até que, nesse dia, precisamente no dia que afirmam ser o Dia Mundial da Criança, assisti a uma situação que me fez pensar um bocadinho…Estávamos no jardim. Eu sentada no meu carrinho e a dada altura começo a ouvir um bebé, assim como eu, a chorar. A minha mamã e eu aproximamo-nos para ver o que causava tal aflição. E eis se não quando, vimos uma mamã a bater muito no seu bebé. Quanto mais ele chorava, mais a mamã lhe batia. A minha mamã começou a falar com a senhora e eu comecei a falar com o bebé…ao princípio ele não parava de chorar. Pouco a pouco, fui tentando ajudá-lo a acalmar-se e cantei-lhe a canção “O nosso galo é bom cantor”. E o que me fez pensar, foi o que ele me contou de seguida. Disse-me que os papás eram muito ocupados e não tinham muito tempo livre e que ele, por isso, chorava muitas vezes. Com tristeza, mas também para lhes chamar a atenção. Eu espantada, perguntei-lhe se quando ele chorava não falavam com ele, não lhe pegavam ao colo ou lhe cantavam uma cantiguinha. Arrumou-me quando me respondeu, quase em surdez, “ou me mandam calar ou me batem mesmo”. Desde esse momento que tenho estado a pensar. Será que os bebés não deviam ter todos o direito de ter pais que os amassem muito e, que sobretudo, lhes mostrassem diariamente o seu afecto? Afinal não pedimos para nascer! Talvez os pais dele tenham muitos problemas, mas não teriam a obrigação de procurar ajuda para não penalizar o filho por isso? Talvez, então, não seja por acaso que uns bebés são felizes e outros não…
Publicado no "Nosso Jornal" em Junho 2006 (Jornal do Externato Novos Rumos- Massamá- Infantil e 1º Ciclo).
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